Piranhas, a joia do sertão alagoano, não é apenas conhecida por suas paisagens incríveis ou pelas margens do São Francisco. A cidade guarda um capítulo importante da história do Brasil: foi palco de acontecimentos marcantes para o cangaço, um dos movimentos mais emblemáticos do sertão nordestino.
Neste artigo, você vai embarcar numa viagem no tempo para conhecer a história do cangaço em Piranhas e descobrir como essa pequena cidade se tornou uma peça chave na saga do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.
O que foi de fato o cangaço?
Heróis ou bandidos? Até os dias atuais, o cangaço é extremamente polêmico e costuma dividir opiniões.
Discussões a parte, o que é fato é que os cangaceiros tinham como fim servir a si mesmos em um cenário de ausência do Estado, no sertão agrário alagoano. Diversos relatos indicam que o ingresso no cangaço se dava por conta da desesperança, vingança familiar, pobreza ou seca, entre outras motivações.
Caracterizado por bandos armados que desafiavam as elites rurais e as autoridades, o cangaço se espalhou pelo Nordeste, marcando a região com suas histórias de coragem, injustiça, vingança e luta por sobrevivência.
Durante suas andanças, eles roubavam, destruíam e assassinavam, seguindo seus próprios interesses e também atendendo àqueles que os protegiam.
Cangaço?
Você já se perguntou de onde vem a palavra “cangaço”? Ela tem uma origem curiosa, ligada ao sertão e aos costumes da época.
A palavra deriva de “canga”, uma peça de madeira usada para conectar o carro de bois aos animais que o puxavam.
Por isso, a associação vem do uso da canga no veículo, onde os bois suportavam o peso no pescoço, e das vestimentas dos cangaceiros, que carregavam uma série de itens como armas, munição, água, alimentos, pinga e até objetos de higiene presos ao corpo.
Quem eram os cangaceiros?
Um cangaceiro era, em geral, um homem que vivia em fuga e contra a lei — a participação conhecida das mulheres teve início apenas no fim do período, na década de 1930.
Entre os líderes cangaceiros, Lampião, Maria Bonita e seu bando ganharam destaque, se tornando figuras lendárias que ainda despertam muita curiosidade em todo Brasil.
Maria Bonita, ou Maria de Déa, como era conhecida ainda em vida, era baiana. Sua família simpatizava com Lampião e recebeu o grupo mais de uma vez em sua fazenda. Em 1930, largou o marido e os pais e fugiu com Lampião, sendo a primeira mulher a se tornar cangaceira.
Até então, ela era uma dona de casa, que cozinhava, bordava, lavava. Deixou essa vida para trás e, em 1930, se tornou a primeira mulher da história do Brasil a viver como cangaceira, falecendo em 1938, na emboscada das volantes.
Lampião é pernambucano, tornou-se cangaceiro em 1919 para vingar a morte do pai e assumiu o comando do bando de Sinhô Pereira quando seu mentor largou o cangaço.
Por mais de 20 anos, ele promoveu saques, assassinatos, torturas e estupros como forma de vingar as injustiças que sua família sofrera na mão das oligarquias, falecendo em 1938 pelas forças volantes, em uma morte que, na prática, representou o fim do cangaço.
Enquanto em vida, Lampião ganhou a simpatia de algumas comunidades locais, que o tratavam como herói e justiceiro, e ofereciam abrigo ao bando.
Piranhas no mapa do cangaço
Piranhas entrou para a história do cangaço em 1938, quando a cidade foi cenário de um dos momentos mais memoráveis: o fim de Lampião e seu grupo.
Após uma emboscada da polícia na Grota do Angico, localizada do outro lado do rio, em Sergipe, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram mortos. Seus corpos foram levados para Piranhas, onde foram expostos em frente à antiga estação ferroviária, hoje transformada em um museu dedicado à memória do cangaço.
Conheça alguns dos principais locais para mergulhar na história do cangaço:
Museu do sertão e o legado do cangaço
Para quem visita Piranhas, o Museu do Sertão, localizado na histórica estação ferroviária, é parada obrigatória. O espaço reúne um acervo impressionante sobre o cangaço, incluindo fotos, objetos pessoais dos grupos de cangaço e informações detalhadas sobre o cotidiano desses bandos.
O museu não é apenas um local de relíquias históricas; ele também oferece uma oportunidade de refletir sobre a complexidade do cangaço e suas razões sociais e políticas.
O passeio pela Grota do Angico
Além do museu, os visitantes podem explorar a Grota do Angico, onde o bando de Lampião viveu seu confronto final. O passeio inclui uma trilha guiada, repleta de histórias fascinantes e paisagens de tirar o fôlego.
A aventura começa a bordo de um catamarã ou lancha, navegando até a Grota de Angicos, palco do emblemático confronto entre Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros nas mãos das forças volantes lideradas pelo Tenente João Bezerra.
Ao chegar no local, você sente a força da história, combinada com o cenário natural do sertão. É uma experiência que mistura emoção, aprendizado e contato com a natureza.
Por que conhecer a história do cangaço em Piranhas?
Aprender sobre o cangaço em Piranhas é mais do que conhecer fatos históricos. É mergulhar na cultura nordestina, compreender os desafios enfrentados pelo sertanejo e descobrir como essa história moldou a identidade da região.
Seja você um apaixonado por história, um curioso sobre as tradições nordestinas ou apenas alguém em busca de uma experiência autêntica, Piranhas e seu legado cangaceiro são paradas imperdíveis.
Planeje sua visita
Piranhas está pronta para receber visitantes que desejam um passeio histórico. Não esqueça de incluir no roteiro:
Com suas ruas de pedra, casarios coloridos e um povo acolhedor, o charme de Piranhas é um convite para viajar no tempo e vivenciar a história do cangaço.
Viva o sertão, sinta a história e descubra o que faz de Piranhas um destino único.
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